sábado, 21 de março de 2009

Inacabado (como a vida.)

Há dias em que a vida não é vivida, porque os pensamentos não são justos. E há metafísica demais em nossas ações. Os desejos são nebulosos. As palavras contraditórias.
Há dias em que penso na inexistência. Mas logo desisto, afinal ela não existe. Então por que tentar? O nada parece mais significativo, porém é impossível significá-lo.
Há dias em que as poesias são tão intensas. E há dias em que são meras prosas. Mas qual o problema da prosa? Ela subexiste ao belo, mas ainda sim existe, resiste. E a resistência é a voz dos fortes. Aqueles que resistem às imprudências e aos indesejos da vida, para buscar a vida plena(...)

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Não vejo o texto como inacabado.
Assim como a vida não está inacabada.
vejo uma vida inacabada como um romance não vivido, um texto não escrito, uma música não dançada.
Um texto parcialmente escrito está acabado. Até agora. Pelo que sentiu até agora, o que viveu até agora.

Eu já tive muitas vidas e foram todas vividas 'até o talo'.
Se você tem uma vida não vivida, posso aceitar que esteja inacabada. Um momento por viver.
Mas se tiver, viva-o. Termine de viver aquela vida.
Pode não haver mais tempo pra vivê-la depois.


Há dias em que a vida não é vivida, porque os pensamentos não são justos. E há metafísica demais em nossas ações. Os desejos são nebulosos. As palavras contraditórias.

Esse trecho inicial [aliás, todo o texto, mas especialmente o trecho inicial] me lembra muito de um texto seu escrito com base numa conversa nossa. Lembra qual é?
http://ligiaaraujo.blogspot.com/2007/05/o-tempo-inimigo-das-promessas.html

Só que o Inacabado foi elaborado com mais habilidade, mais genialidade. Antes do fim, um porém, uma explicação. E mais que isso: um motivo pra todo aquele sentimento. Vejo a inércia transformada em poesia. O subjetivismo como qualidade. Uma tentativa desesperada de justificar a subexistência.
"Resistência é a voz dos fortes."
Resistir subexistindo é acomodar-se! E por fim a contradição: Subexistir pra buscar a vida plena. Então, vem à minha memória um texto de Sordì, o Soneto de Monalisa, quando Pier diz:
Quisera fazer a vida e colocá-la moldura
Mesmo se não fosse bela a pintura
O faria para observar um sorriso.


Talvez seja também um texto de Pier Sordì.

E após tantas críticas a suas contradições, o inevitável:
Assumir que são também meus os seus pensamentos.