sábado, 20 de dezembro de 2008

Crônica feita na prova de loboratório de redação II

Sabe aquela história do plutão ter sido desconsiderado como planeta? Então, um dia ele pode voltar a ser. Pois, quem conhece um pouco da história do Brasil sabe que as letras K, Y e W já pertenceram ao alfabeto e que após a reforma de 1943 deixaram de ser letras da língua portuguesa. Porém, com o novo acordo ortográfico, essas letrinhas voltaram do exílio após mais de sessenta anos.
Ah, esse acordo ainda vai deixar muita gente maluca! Para para pensar: é o mesmo que em um dia de mau humor eu dizer para minha mulher que ela nunca significou nada para mim e no dia seguinte ligar para ela pedindo perdão e implorando para voltar – é, até que esse caso é mais comum que ver o Rubinho chorando – mas o que me deixou irritado foi saber que ninguém pediu perdão para as pobres letrinhas, ninguém perguntou se elas ficaram magoadas; deram a mínima para seus sentimentos. Fazer o que né!? Vida que segue!
E o trema? Aqueles pinguinhos simpáticos do U, que além de outras funções nos diferenciam dos argentinos. Afinal, graças ao trema ninguém precisa falar tranKilo. Mas e agora? Nosso filhos e netos, como saberão que se fala tranqüilo e não tranKilo? Eles podem ter sérias crises de identidade. Quem sabe até já nascerão com o narigón típico dos hermanos. Ah, reforma ortográfica, sorte que não tens mãe!
Agora, depois dessa ladainha resta uma pergunta: o trema foi só exilado ou foi embora para nunca mais? Acho que tudo dependerá dos futuros governantes lusófonos, porque dizer que isso foi uma reforma lingüística é algo ofensivo a minha inteligência. E esses políticos não satisfeitos de levar o nosso dinheiro também resolveram levar o nosso trema. Espero que na próxima não queiram levar meu grande amigo til.

sábado, 11 de outubro de 2008

Por que a docência?

Triste daquele que vive só
guardado em seu mundo inalterado
não ajuda aquele que se julga pó
e vive a vida sem ser cuidado.

Ser mestre é lindo demais
é viver com esperança no olhar.
Ao escutar suas estórias tais
que fazem acreditar que mesmo os marginais
são capazes de sonhar.

Quem vive sem ter ensinado
é como uma ameba dilacerada
que apesar de tudo mudar ao seu lado
faz como o Phelps, nada.


Uma brincadeira que fiz com as pessoas que acreditam que ser professor é ser menor.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Da Timidez

Uma crônica sensacional do MESTRE das crônicas.

Da Timidez

Luís Fernando Veríssimo

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico, só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.

Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que sempre quebram na concentração. Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando "Não me olhem! Não me olhem!" só para chamar a atenção.

O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez espetacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não apenas todo mundo mas o próprio destino não pensa em outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.

O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser acusado do que não fez, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de que cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que tira o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe passar a palavra.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Todo

O mundo é um todo sem algumas partes. As pessoas são partes da falta de um todo. Nada é completo. Nem o todo sem partes, e principalmente, nem a parte sem o todo. É uma relação dicotômica.
Quando estamos em meio a grupos de pessoas em que o que as tornam um grupo são as semelhanças existente entre elas, somos parte de um todo. É fato, porque ninguém se mantém completo. Sempre há buracos, feridas e desejos que são tapados com gargalhadas. É mais fácil se tornar igual para ter um bom convívio que ser você mesmo e ter a chance de obter críticas. O mundo nos quer iguais, nos torna iguais. Muitas vezes somos derrotados por não assumir nosso próprio valor.
Por outro lado, quando somos únicos em um espaço, nos tornamos o todo de um todo e todas nossas partes estão em harmonia.

Seria mais fácil se todos assumissem seu todo e esquecesse a parte dos outros. Só assim o mundo seria um todo com todas as partes.

sábado, 23 de agosto de 2008

Números

San números
Menos de diez
No soy tan bueno así
Más de cien
No soy tan templado
Yo no lo sé
Quizá sea
Uno simple
Bueno templado
Frío frío
Ya que estuve allá
Solamente sintiendo
Calor
Lo que es caliente, calienta
Mismo teniendo ligazón
Con el tiempo
Las cosas fluyen naturalmente
Y todo piérdase en las miradas
Sentidos del mundo
Ya que no siento
Vivo complacencia
Hacer y hacer
¿Pensar?
No, no podemos
Ser flojos
Vivir y vivir
Solamente sentir
Olvidar
Por fin
No somos números
Somos LETRAS.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

sociedadização

Sinto-me rasgado pelo tempo. Cada dia que passa perco um pouco do que me faz diferente. Torturo-me por conformar com a perda e ignorar minhas capacidades. É ruim não ter com quem dividir incertezas sóbrias. Sinto estar em uma sociedade medíocre que valoriza só o que é normal. Onde nada adianta uma pessoa conhecer outros países se não sabe dirigir. Sim! Eu vivo em uma sociedade em que uma carteira de motorista vale mais que um passaporte carimbado. Claro que uso metáforas. Mas essa sociedade está fadada ao fracasso e à mesmice. E infelizmente estou sociedademizando-me. Estou sendo mais um. Estou perdendo minhas exigências para ser feliz. Aos poucos a droga capitalista me entorpece. O contentamento é constante presença em minha forma.
Aceitar uma colocação mediana em concurso público só porque não estou formado é um pensamento pequeno. O que diferencia o primeiro do centésimo colocado não são as especializações, mas sim a vontade de querer ser o melhor. Todo mundo nasce com a capacidade de ser o melhor. Só que a maioria prefere a sociedade e preteri o conhecimento, a individualidade e a realização.
Tenho medo. Medo de me tornar quem não sou. Volátil. Já que estou exaurindo-me no tempo.

Será que no fim vou dar gargalhada de tudo isso?

Ou vou constatar que mesmo sabendo que o tempo estava mudando não comprei um guarda-chuva?

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Soneto Mona Lisa

por Pier Sordì

Seus temerosos cálidos desejos
Que vidrados sentem teu gosto ardente
Jogados no vasto abismo da mente
Implorando por aqueles intensos beijos.

Ainda que pareça algo implório
Pelo fato da vontade ilícita
Quero tornar tudo mais notório
Mas a decisão está implícita.

Quisera fazer a vida e colocá-la moldura
Mesmo se não fosse bela a pintura
O faria para observar um sorriso.

E se a mim reagir contrário
Única alternativa é tornar-me temerário
Para enfim conseguir o que tanto preciso.

domingo, 6 de julho de 2008

Viva la vida

Estava relendo texto esquecidos um dia desses, quando li esse que escrevi quando tinha 15 ou 16 anos. Típico para a idade. Demonstra um pouco desse conflito que é viver. E como os conflitos da vida nunca deixam de ser atuais, achei por bem colocá-lo como se estivesse escrito hoje.


Quando estamos longe de tudo e de todos, é bem mais fácil fazer análises sobre a vida, sobre aqueles que nos rodeiam e principalmente
sobre o que na verdade somos. Sinto que isso parece ser difícil mas não pelo fato de não saber, mas sim pelo fato de não querer entender. Buscamos maneiras 'ilegais' para sermos felizes. Tentamos entender o hoje, esquecer o ontem porque já passou e o amanhã importa só a quem realmente pensa em estar bem definitivamente. Sei que todos dizem que devemos viver o hoje esquecermos o ontem e não preocuparmos com o amanhã, mas o que adianta viver só o hoje e esquecer o aprendizado que tivemos durante anos? De que adianta não pensar no depois se esse depois nos fará mais humanos? Eu estou em uma fuga do mundo, onde tudo parece estranho, todos parecem diferentes, tudo esta nebuloso ao meu redor, mas por que? Não entendo como tudo parece mais complicado quando queremos realmente 'viver’... Dizem que a vida é complicada de entender, mas somos nós que negamos o aprendizado. É tudo muito simples e eu estou em meio a essa escuridão, donde sai várias pessoas mascaradas que só se preocupam com suas próprias realizações. Acho que sou diferente de tudo e de todos(..) sinto que a felicidade só depende de mim e ela está em pequenos gestos que me faz único, independente de números, estatísticas ou míseros pensamentos alheios.